Racismo, Preconceito e Discriminação!

Você sabe a diferença entre Racismo, Preconceito e discriminação?

O preconceito é uma opinião preconcebida sobre determinado grupo ou pessoa, sem qualquer informação ou razão.

O racismo é a crença de que existiriam raças superiores a outras.

Já a discriminação é a ação baseada no preconceito ou racismo, em que o indivíduo recebe um tratamento injusto apenas por pertencer a um grupo diferente.

Preconceito

O termo preconceito se refere a uma opinião preconcebida ou sentimento formado sobre uma pessoa ou um grupo, sem que haja experiências ou fatos relevantes para comprová-lo.

O termo é usado geralmente de forma negativa, onde os membros pertencentes a um grupo são vistos como inferiores.

Geralmente, ocorre com características que algum grupo considera incomum ou indesejável em outra pessoa ou grupo. Isso acontece quando se critica aspectos como etnia, gênero, nacionalidade, status social, orientação sexual ou afiliação religiosa de alguém.

Além do racismo, as principais formas de preconceito incluem:

  • Machismo: a crença de que as mulheres são menos capazes do que os homens;
  • Homofobia: antipatia, desprezo, preconceito, aversão ou ódio à homossexualidade ou pessoas identificadas ou percebidas como lésbicas, gays, bissexuais ou transgêneros (LGBT);
  • Discriminação religiosa: valorização ou menosprezo de uma pessoa ou grupo por causa de suas crenças.

Racismo

O racismo parte da ideia de que a espécie humana seria dividida por raças, daí o nome.

No entanto, as diferenças físicas e genéticas que os seres humanos apresentam não são suficientes para caracterizar uma raça.

O DNA de uma pessoa branca e uma pessoa negra, por exemplo, varia menos de 0,1%.

Então, o racismo é a ideia de que indivíduos de certa etnia possuem características, habilidades ou qualidades específicas desta etnia.

Portanto, seriam uma “raça” superior, enquanto outras, inferiores.

Ele pode assumir a forma de ações, práticas, crenças sociais ou sistemas políticos que consideram que diferentes “raças” devem ser classificadas como superiores ou inferiores.

O racismo também pode julgar que pessoas de etnias distintas devem ser tratadas de forma diferente.

As formas clássicas de racismo incluem:

  • Discriminação racial: separação de pessoas através de uma divisão social;
  • Racismo institucional: discriminação racial por parte de grandes organizações com o poder de influenciar a vida dos indivíduos, como governos, corporações, religiões e instituições educacionais;
  • Racismo nos direitos civis: incluem a disparidade histórica, econômica ou social causada pelo racismo passado, afetando a geração atual, e em atitudes racistas e ações inconscientes dos membros da população em geral.

O preconceito racial não é exclusivo do Brasil, visto que, em maior ou menor escala, todos os países colonizadores e colonizados apresentam, em algum grau, índices de preconceito racial contra negros ou, no caso de países colonizados, nativos daquele local.

Também é importante ressaltar que uma ação de preconceito somente é considerada racista quando há uma utilização sistêmica e baseada em uma estrutura de poder e dominação contra a etnia da vítima.

Causas do Racismo

A discriminação pela origem pode ser reportada desde a Antiguidade, quando povos gregos e latinos classificavam os estrangeiros como bárbaros. A origem da designação do preconceito de raça, em específico, é mais nova, tendo sido alavancada nos séculos XVI e XVII pela expansão marítima e colonização do continente americano. O domínio do “novo mundo” (assim chamado pelos europeus), o genocídio dos povos nativos e a escravização sistêmica de povos africanos geraram um movimento de tentativa de justificação de tais relações de poder por uma suposta hierarquia das raças.

Os europeus consideravam, em sua visão eurocêntrica, que povos de origem europeia nata seriam mais inteligentes e capazes para dominar e prosperar, enquanto os negros e indígenas foram, por muitas vezes, considerados animais.No século XIX, com o impulso positivista sobre as ciências, teorias científicas racistas surgiram para tentar hierarquizar as raças e provar a superioridade da raça branca pura. O filósofo, diplomata e escritor francês Arthur de Gobineau (1816-1882) é um dos que mais se destacaram nesse cenário com o seu Ensaio Sobre a Desigualdade das Raças Humanas.

Surgiu também no século XIX um estudo baseado na antropologia, na fisiologia e na psicologia chamado de craniometria ou craniologia. Tal estudo consistia em retirar medidas de crânios de indivíduos e comparar as medidas com dados como propensão à violência e coeficientes de inteligência. Hoje em dia, contudo, os estudos sérios tanto com embasamento sociológico e psicológico quanto com embasamento genético não dão mais crédito às teorias racistas do século passado.

O nazismo alemão e entidades como a Klu Klux Klan, nos Estados Unidos, utilizaram e utilizam essas teorias raciais ultrapassadas para justificar a supremacia da raça branca.

No Brasil, as causas do racismo podem ser associadas, principalmente, à longa escravização de povos de origem africana e a tardia abolição da escravidão, que foi feita de maneira irresponsável, pois não se preocupou em inserir os escravos libertos na educação e no mercado de trabalho, resultando em um sistema de marginalização que perdura até hoje.

Racismo no Brasil

Quando a Lei Áurea foi promulgada, em 13 de maio de 1888, ficou proibida a escravização de pessoas dentro do território brasileiro.

O Brasil foi o último grande país ocidental a extinguir a escravidão e, como aconteceu na maioria dos outros países, não se criou um sistema de políticas públicas para inserir os escravos libertos e seus descendentes na sociedade, garantindo a essa população direitos humanos, como moradia, saúde e alimentação, além do estudo formal e posições no mercado de trabalho.

Os escravos recém-libertos foram habitar os locais onde ninguém queria morar, como os morros, na costa da Região Sudeste, formando as favelas. Sem emprego, sem moradia digna e sem condições básicas de sobrevivência, o fim do século XIX e a primeira metade do século XX do Brasil foram marcados pela miséria e sua resultante violência entre a população negra e marginalizada.

Quanto à população indígena sobrevivente do genocídio promovido contra o seu povo, havia cada vez mais invasão de suas terras e desmembramento de suas aldeias. Essas ações sistêmicas promoveram e sustentam até hoje a exclusão racial em nosso país, o que resultou em diversos estudos sociológicos.

Em janeiro de 1989, foi sancionada a lei nº 7716, que tipifica como crime qualquer manifestação, direta ou indireta, de segregação, exclusão e preconceito com motivação racial.

Essa lei representa um importante passo na luta contra o preconceito racial e prevê penas de um a três anos de reclusão aos que cometerem crimes de ódio ou intolerância racial, como negar emprego a pessoas por sua raça ou acesso a instituições de ensino e a estabelecimentos públicos ou privados abertos ao público. Quando o crime de incitação ocorrer em veículos de comunicação, a pena pode chegar a cinco anos. Essa lei também torna crime a fabricação, divulgação e comercialização da suástica nazista para fins de preconceito racial.

Desde 2015, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei do então Senador da República Paulo Paim (PT – RS) que modifica o Código Penal brasileiro, tornando o racismo um agravante para outros crimes. Se implantado, o projeto de lei resultará em penas mais severas para os crimes de lesão corporal e homicídio, quando estes resultarem de ódio e preconceito racial.

Black face

A origem do black face aconteceu no teatro dos Estados Unidos, mas logo ganhou popularidade e atravessou todo o mundo.

A prática se tornou algo bastante comum na Grã-Bretanha e chegou até a ganhar programas na televisão em horário nobre.

O problema não estava apenas no fato dos negros não poderem participar das peças de teatro; a forma como eles eram representados pelos brancos era caricata e exagerada, tendo como o único objetivo servir de graça para a aristocracia branca-escravocrata, com o único intuito de ridicularizar os negros.

Após anos de luta, cerca de 100 anos depois, o black face foi considerado uma atitude racista e o teatro, TV e cinema pararam de usar tal técnica. A prática passou a ser um forte instrumento na luta contra o preconceito que negros sofrem.

Após quase um século de luta dos atores e atrizes negros para que o black face fosse extinto do teatro, tornou-se inadmissível considerar que em pleno século 21 ainda existam pessoas que tentam fazer graça em cima de caricaturas racistas.

No carnaval é comum encontrarmos pessoas fantasiadas de negra maluca, colocando uma peruca afro, passando batom vermelho de uma forma extravagante e pintando o corpo e o rosto de preto.

Uma vlogueira, que possui quase 9 milhões de inscritos, lançou em 2013 um vídeo intitulado “Tá liberado, é carnaval”, onde se “fantasia” de negra e dança de forma caricata, reforçando estereótipos e o preconceitos.

Um humorista publicou uma foto em seu facebook do seu personagem Ivonete, onde também aparece pintado e com uma peruca afro. Depois de inúmeras críticas, ele publicou uma nota na rede social se desculpando e dizendo que abandonará os estereótipos da personagem e afirmando que entende que foi uma prática racista de sua parte.

Nenhuma forma de preconceito ou de dor deve servir de motivo de piada. Muito menos ser usada como uma forma de arte. O teatro e as demais artes devem ser usadas como plataforma para se combater e debater problemas que a sociedade ainda vive e, jamais, alimentá-los. Algo que serviu durante séculos para ridicularizar o negro não deve ser aplaudido em pleno 2016. O black face é uma ferramenta de opressão, não de folia ou graça.

Discriminação

A discriminação é a ação baseada no preconceito. Ocorre quando não se trata membros de determinado grupo com respeito, mas com base em fatores como status, cor da pele ou identidade.

Essa distinção acontece de modo prejudicial, e o fato de alguém ser tratado pior do que outros por algum motivo arbitrário já é considerado discriminação.

Além do racismo, outras formas de discriminação incluem a distinção por:

  • Idade;
  • Linguagem;
  • Deficiência;
  • Etnia;
  • Identidade de gênero;
  • Altura;
  • Nacionalidade;
  • Religião;
  • Orientação sexual;
  • Peso.

Como a discriminação é a ação em si, uma pessoa pode ser preconceituosa e racista, mas não agir de acordo com suas opiniões. Ou seja, não efetua de fato ações de discriminação.

Fontes:

BEZERRA, Juliana. “Preconceito, Racismo e Discriminação”. Diferença. Disponível em: https://www.diferenca.com/preconceito-racismo-e-discriminacao/. Acesso em 07 de Agosto de 2020.

Autora Juliana Bezerra • Professora de História

PORFíRIO, Francisco. “Racismo”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/racismo.htm. Acesso em 07 de agosto de 2020.

LIGIA, Ana. “O que é blackface e por que nos dias de hoje é considerada uma atitude racista”. Terra Educação. Disponível em https://www.estudopratico.com.br/o-que-e-blackface-e-por-que-nos-dias-de-hoje-e-considerada-uma-atitude-racista/. Acesso em 07 de agosto de 2020.

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